Publicado por: Dreamer | 22/10/2014

Solidão Vigente

Olá a todos! 🙂 Como estão?

Navegando pela internet, acabei encontrando um artigo interessante de Frederico Mattos, que fala sobre a “Solidão Masculina“. O que me inspirou a escrever este post, discorrendo deste assunto. Porém, falarei de forma mais abrangente, ao invés da masculina, somente. (Mas recomendo a leitura do artigo citado!).

Solidão Vigente

Imagem retirada deste site.

Anteriormente, já havia falado sobre este sentimento em posts anteriores:


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Infelizmente, o assunto “solidão” é bastante procurado neste blog… Mas vamos lá!

Quero começar com a definição de solidão… O dicionário “dicionárioweb” descreve assim:

“Estado do que está só; Lugar despovoado; Insulamento; Elemento ou situação da vida humana.”

Apesar da definição, para meu compreender, a solidão é um sentimento de vazio, que independe do fato de estar sozinho ou não. Não é algo somente físico, mas um sentimento profundo e complexo. Acredito que um psicólogo ou psiquiatra poderia discorrer melhor sobre as características deste. No entanto, não precisa ser especialista para compreender que a solidão é uma carência profunda da alma humana.

Esta carência é consequência da falta de interação real entre as pessoas. Muito irão pensar: “Falta de interação?”. Como disse Augusto Cury em um dos livros da coleção “Mestre dos Mestres“, a humanidade nunca teve tantos meios para se comunicar e entreter, no entanto, a mesma nunca passou por uma crise emocional tão grande (ou algo assim! ^.^). Pode parecer exagero, mas não é! Realmente, graças à tecnologia, temos milhares de formas e meios de nos comunicarmos e interagirmos. Todavia, o território emocional das pessoas, atualmente, está cada vez mais pobre e seco.

Isso é mencionado no texto de Frederico Mattos, as pessoas possuem solidão qualitativa, e não quantitativa. Em outras palavras, temos contato com muitas pessoas (quantidade), mas dentre estes, quase nenhuma (ou nenhuma mesmo) pode se ter um relacionamento mais aprofundado. Não falo só de relacionamento amoroso, mas também (e principalmente) de amizade. O mesmo artigo que mencionei expressa bem isso.

“A maior solidão está nos amigos que nos oprimem silenciosamente com sua postura. Falo daqueles que reforçam nossas fixações emocionais com um olhar complacente, jocoso ou de hostilidade ao mundo. Não vão desafiar nossas cegueiras pessoais e nem sequer questionar as bases pelas quais nossas mentes têm funcionado. São amigos que podem nos querer bem, mas não nos fazem bem. É uma solidão qualitativa, não quantitativa. “Com quem posso contar de verdade para me tornar um homem melhor?” é a pergunta-chave.” (Frederico Mattos)

O que é preciso para não sentir solidão?

A resposta mais óbvia seria encontrar com amigos. Mas será que é assim? Será que é só isso? Será que isso preenche o vazio de alguém que está solitário?

Acredito que não. Penso que, para eliminar a solidão, é preciso de um amigo com quem se possa abrir de verdade, que se interesse pelos medos e inseguranças desta. Quando se tem um problema ou preocupação, é difícil encontrar alguém que queira realmente ouvir, que se preocupe e deseje realmente acolher os sentimentos deste amigo.

O que escuto bastante por aí, são palavras distantes como: “logo passa!”; “você supera”; “vamos sair pra beber que passa”; “‘cata’ umas que melhora”! Coisas assim… Será que isso realmente ajuda esta pessoa a se sentir melhor? Acredito que a soma de situações como essa é que fazem as pessoas se sentirem solitárias mesmo em meio a muitos “amigos”. Pois começamos a pensar: “Tenho um problema/tristeza/pesar, mas com quem eu posso contar?“.

“Um de meus pacientes viu o pai na rua com outra mulher, uma amante. Confrontou-o, mas preferiu não contar nada à mãe. Se viu preso em um pesado dilema emocional. Ao compartilhar o drama com um grande amigo, recebeu como resposta apenas um cutucão no ombro, seguido de um “Sai dessa”.
A dificuldade de colocar em palavras seus medos mais terríveis foi tratada como um problema qualquer.” (Frederico Mattos)

Cada vez menos, os verdadeiros sentimentos são compartilhados. Não só as tristezas, mas as alegrias também. São poucas as pessoas que temos a liberdade de contar sobre os bons acontecimentos! Creio que tão poucas quanto a quem podemos confiar nossos desabafos.

“Superficialmente ele está rindo, falando e cutucando os parceiros de cervejada, mas por dentro seu coração permanece blindado e cético. Seus verdadeiros e inconfessáveis sentimentos estão aprisionados e o máximo de afetuosidade que pode manifestar acontece em partidas de futebol.” (Frederico Mattos)

A esta altura, surge então alguns questionamentos como: “Sempre foi assim?”; “Porque ficou desse jeito?”; “Onde está a raiz do problema?”.

Pessoalmente, acredito que não foi sempre assim. Não preciso ir muito longe para ter esta crença. Vejo grande diferença de comportamento das pessoas da época de minha infância até a adolescência, com as pessoas da atualidade. As pessoas “de antes”, enxergavam melhor as pessoas ao seu redor, havia uma noção maior do coletivo, por isso, preocupavam-se mais, pelo menos com as pessoas mais próximas. Havia o senso de se interessar e querer ajudar, sem segundas intenções, as pessoas que eram queridas. No entanto, vejo isso se tornar cada vez mais raro. E foi um processo meio rápido que, sinceramente, me assustou, e continua me assustando.

O motivo das coisas terem ficado como está hoje… Bom, não sou sociólogo e nem estudioso do comportamento e da psicologia humana, por isso, não poderei dar uma resposta precisa. No entanto, posso dizer minha opinião e o que tenho observado. Ao meu entender, tudo isso vem do crescente egocentrismo e narcisismo das pessoas. E isso é, aparentemente, involuntário e inconsciente.

Antes de prosseguir, vamos definir estas duas características:

Egocentrismo:

“O egocentrismo consiste em uma exaltação excessiva da própria personalidade, fazendo com que o indivíduo se sinta como o centro da atenção.
Uma pessoa egocêntrica não consegue demonstrar empatia, ou seja, não consegue colocar no lugar do outro, porque está constantemente ocupado com os seu “eu” e com os seus próprios interesses.
Um indivíduo egocêntrico é também egoísta, porque pensa só em si ou pelo menos pensa em si mesmo em primeiro lugar.” (Significados.com.br)

– Narcisismo:

“Narcisismo é um conceito da psicanálise que define o indivíduo que admira exageradamente a sua própria imagem e nutre uma paixão excessiva por si mesmo.
(…)
Estando relacionado com o auto-erotismo, o narcisismo consiste em uma concentração do instinto sexual sobre o próprio corpo.” (Significados.com.br)

Sendo egocêntrica, uma pessoa não consegue enxergar o outro como indivíduo, mesmo que tenha simpatia por este, simplesmente não percebe a existência dos sentimentos e pensamentos de outros. Só consegue se interessar por assuntos que são de seu gosto, sobre seus próprios sentimentos e pensamentos. Não é que não estejam ouvindo o que o outro diz, mas não há interesse, respondendo de forma leviana e simples, muitas vezes apenas por educação.

Agora, sendo narcisista, como a própria definição diz, só ama a sua própria imagem. Não consegue atentar devidamente a outras pessoas, tornando-se uma situação semelhante à do egocêntrico. Segundo Luisa Clasen, que escreveu um artigo que citarei mais adiante, o narcisista tem, também, a necessidade de chamar a atenção para si, quer aparecer. Isso é condizente, pois se há excessiva admiração própria, então é natural que ela deseje que os demais também a admirem.

Mas será essa a raiz de tudo? Na verdade, o fato do crescer destas duas características nas pessoas, é o acúmulo de vários pequenos fatores. Vou comentar somente alguns dos principais.

O fator mais “chamativo”, creio eu, seria a evolução da internet na área de relacionamentos. Este desenvolvimento tecnológico em si não é ruim, pelo contrário, se bem usado, é maravilhoso! No entanto, seu uso tem provocado comportamentos e até doenças psicológicas que, ao meu ver, são graves.

Falando-se de relacionamento na internet, não tem como não citar a rede social Facebook, que é, sem dúvidas, a maior e mais significativa rede atualmente. Li uma análise esplêndida da Luisa Clasen, em seu artigo “Como o Facebook nos torna solitários e egoístas“.

Já falei um pouco o que penso sobre esta rede social, quando falei do fim do orkut, transcrevendo minha opinião de como o Facebook desestimula a socializar, através de ferramentas como o “curtir”. Além de discorrer sobre como o orkut, como rede social, era melhor que a criação de Mark Zuckerberg.

No entanto, no texto de Luisa, ela analisa o assunto sob outro aspecto. Por que as pessoas postam e compartilham tantas coisas sobre sua vida? Sendo que, muitas vezes, camuflam ou distorcem seus próprios sentimentos e pensamentos para criar uma imagem ou impressão.

“Ninguém posta nada no Facebook sem a intenção de conseguir algum tipo de feedback. As opções são:
1. propagandear nossa felicidade e então ganhar elogios (curtir) postando coisas que mostram como a gente e nossa vida são incríveis – os amigos, os netos, a viagem, as notícias lidas, os links compartilhados, etc
2. mostrar nossa frustração (#mimimi) ou  tristezas, no intuito de conseguir empatia, conselhos, pena e conexão alheias.
Esse pode não ser um processo consciente, mas, de uma maneira ou de outra, buscando lá no fundinho do seu ser… você vai perceber o quanto te satisfaz receber um like, um comentário ou até (eca) um cutucão e o quanto te massacra não conseguir nada disso.” (Luisa Clasen)

A importância da ferramenta “Curtir/Like” do Facebook é uma das maiores catástrofes, ao meu ver. Ela incentiva as pessoas a postarem mais e mais coisas, sempre buscando a maior quantidades de curtidas/compartilhadas. E, não tem como negar, quando algo que postamos recebe muitos “likes”, realmente nos sentimos bem. Isso não se resume somente ao Facebook, o Instagram também é assim! Vejo usuários pedindo “likes” e “seguidores” em fotos populares!

Além disso, o que significa o “curtir”? Teoricamente, significa que lemos o conteúdo, refletimos sobre ele, gostamos e concordamos com o que vimos, e aí sim, “curtimos“, certo? Mas será que é assim que as pessoas “curtem” no Facebook?

Certa vez, na época em que eu mexia no Face, postei uma imagem bonita, acho que era de flores, e marquei alguns amigos, deixando uma mensagem de amizade na legenda. Boa parte dos amigos curtiram. Alguns poucos comentaram a respeito do que escrevi na legenda, mas outros, nem leram!!! Um até comentou “que imagem bonita!”! >.< Para mim, receber curtidas assim faz sentir ainda mais solitário… Li outro artigo sobre isso, Bia Granja, chamado “A era do like e a falta de amor na internet“.

“O quanto dessa curtição toda realmente nos toca a ponto de dar vontade de voltar praquilo? De reler? De rever? Outro dia em uma palestra, perguntei pra galera quem tinha visto os 30 minutos do vídeo do Kony2012, apenas 1% do público levantou a mão, mas mais da metade tinha passado o vídeo adiante. No Twitter a gente retuita coisas sem ler, passamos as coisas a diante sem nem pensar nelas…
Será que a gente tá curtindo demais e amando de menos?” (Bia Granja)

Ao receber “curtidas”, “comentadas” ou mesmo uma rápida conversa no “chat” do Face, disfarçamos a solidão. Ela não deixou de existir, mas, por estar em contato com alguém, esse vazio é camuflado. Mas é algo efêmero. Isso explica a necessidade, que cresce exponencialmente, das pessoas de ficarem no Facebook. Há quem fique 24h online, através do celular. Não é novidade o fato do Facebook se tornar móvel, estar causando acidentes e problemas durante serviços e aulas, já que a atenção das pessoas é voltada para a rede.

O extremo deste problema, eu vi no shopping Villa Lobos, em São Paulo. Quando eu vi um casal jantando. Eu também estava jantando e, como eles estavam bem à minha vista, não pude evitar de reparar que, durante todo o jantar deles, ambos estavam com o fone de ouvido, comiam e olhavam no celular, escrevendo (provavelmente no Facebook). Eles não trocaram um “a”, e ao irem embora, deram as mãos e seguiram sem conversar, ainda com seus respectivos fones de ouvido… Talvez eles estejam satisfeitos com a vida assim… Mas… Da minha perspectiva de observador, isso é solidão inconsciente. Citei esse casal, mas sabemos que existem muitas pessoas assim, deixam de conversar com familiares e amigos que estão presentes fisicamente, para darem atenção ao Facebook no celular. (Hoje tem também o famoso WhatsApp, que também tem recebido bastante atenção das pessoas… Eu nunca tive, mas quase todas as pessoas ficam assustadas quando eu conto este fato a elas).

Tendo em vista todas estas características, fica mais fácil de compreender o porque o sentimento de solidão tem aumentado nos últimos tempos. Resumidamente, ninguém liga para ninguém, todos querem ser ouvidos, mas sem precisar ouvirem, por isso, sentem-se sozinhos, não tendo a quem recorrer quando há algo para desabafar.

Então… O que deve ser feito?

Talvez uma conscientização das pessoas… Mas não creio que seja fácil fazer as pessoas perceberem isso.

Não existe uma resposta certa, acredito que cada um deve encontrar sua própria resposta, afinal, cada um possui sentimentos e necessidades únicas e próprias. Mas uma coisa é certa: Nunca desista de si mesmo!

“Quando somos abandonados pelo mundo, a solidão é superável; quando somos abandonados por nós mesmos, a solidão é quase incurável.” (Augusto Cury)

Por mais doloroso ou sofrido que seja a situação, mesmo que a solidão pareça consumir o seu existir, não desista! Não perca a esperança! Se desistir, aí sim será o fim!

Por outro lado, se encontrar alguém sofrendo de solidão, seja você a estender a mão! Converse, se interesse, tente se aproximar! Muitas vezes, nem palavras são necessárias, um abraço ou sorriso pode ajuda muito alguém! E nunca, NUNCA critique ou imponha uma solução! Algo que pode parecer óbvio e satisfatório para nós, pode não ser para outra pessoa, então, apenas ouça, dê sugestões, mostre-se interessado…

Talvez não dê para mudarmos o mundo com estas atitudes, mas estaremos fazendo a nossa parte.

“Certa vez houve uma inundação numa imensa floresta. O choro das nuvens que deveriam promover a vida dessa vez anunciou morte. Os grandes animais bateram em retirada fugindo do afogamento, deixando até os filhos para trás. Devastavam tudo o que estava à frente. Os animais menores seguiam seus rastros. De repente uma pequena andorinha, toda ensopada, apareceu na contramão procurando a quem salvar.
As hienas viram a atitude da andorinha e ficaram admiradíssimas. Disseram: “Você é louca! O que poderá fazer com um corpo tão frágil?”. Os abutres bradaram: “Utópica! Veja se enxerga a sua pequenez!”. Por onde a frágil andorinha passava, era ridicularizada. Mas, atenta, procurava alguém que pudesse resgatar. Suas asas batiam fatigadas, quando viu um filhote de beija-flor debatendo-se na água, quase se entregando. Apesar de nunca ter aprendido mergulhar, ela se atirou na água e com muito esforço pegou o diminuto pássaro pela asa esquerda. E bateu em retirada, carregando o filhote no bico.
Ao retornar, encontrou outras hienas, que não tardaram muito a declarar: “Maluca! Está querendo ser heroína!”. Mas não parou; muito fatigada, só descansou após deixar o pequeno beija-flor em local seguro. Horas depois, encontrou as hienas embaixo de uma sombra. Fitando-as nos olhos, deu a sua resposta: “Só me sinto digna das minhas asas se eu as utilizar para fazer os outros voarem”.” (Augusto Cury)

A melhor forma de tentarmos melhorar esta situação, é mudando a nós mesmos. Transformando pequenas atitudes em luzes de esperança para um amanhã mais bonito.


Preciso comentar à parte, sobre a visão da SEICHO-NO-IE da solidão. Embora já tenha explorado bem este assunto em outro post.

Acredito, sinceramente, que a SEICHO-NO-IE está certa, sendo a melhor forma de dissipar o sentimento de solidão, assim como todos os demais sentimentos negativos. Pois, todos estes sentimentos provém de um “eu ilusório“, criado pela nossa própria atitude mental. Leia o post que mencionei acima e compreenderão melhor.

No entanto, acredito que para colocar em prática isso, é preciso ter um bom controle do próprio ego (ou mente, se preferirem). Acreditar e visualizar com clareza nossa Imagem Verdadeira de filhos de Deus.


Para encerrar, tem uma citação que define bem a solidão:

Solidão

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo… isto é carência.

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar… isto é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe às vezes, para realinhar os pensamentos… isto é equilíbrio.

Tampouco é a pausa involuntária que o destino nos impõe compulsoriamente, para que revejamos a nossa vida… isto é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado… isto é circunstância.

Solidão é muito mais que isto…

Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão, pela nossa Alma!” (Fátima Irene Pinto)

Bom, por hora é só!

E nunca se esqueçam! O maior de todos os tesouros são os seus sonhos!

Abraços


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